domingo, 16 de maio de 2010

Entediada em plena segunda-feira num ônibus do tranporte público de Goiânia, aconteceu algo que me espantou, sacudiu alguns milímitros, o cinza urbano do meu dia. Não foi algo alegre e positivo, com certeza não. Nem um desses pequenos milagres que mudam a vida do transeunte distraído. Foi uma cena grotesca, estranha, violenta, mas sem mocinhos e nem bandidos...
Entrando no ônibus no Terminal Bandeiras, ou melhor, no local empoeirado e espremido onde está funcionando o terminal até o fim de sua reforma, escutei duas adolescentes vestidas com o uniforme do Colégio Militar reclamando que haviam tomado seus lugares. Olhei pra frente e vi duas senhoras sentadas próximas a roleta, suposto "lugar reservado"das estudantes.
Bem, que falta de educação e típico egoísmo "aborrescente", pensei eu, já acomodada no meu banco duro plastificado. Só que as senhoras não se contiveram e iniciaram um bate boca com as alunas. Dezenas de olhos subitamente interessados e meio sonolentos acompanhavam a discussão. As senhoras falavam e as estudantes rebatiam daquele jeito que só os jovens sabem fazer enquanto isso uma das senhoras, a mais jovem(40 anos talvez) levantou-se e foi andando em direção a uma das meninas e simples- e sonoramente- aplicou-lhe uma grande bofetada no lado esquerdo do rosto, digna de novela das 8!
O silêncio constrangedor para nós demais passageiros, só era quebrado pelas voz exaltada da senhora que após bater na estudante, voltou para seu lugar e continou discutindo sozinha, falando da falta de educação da juventude que se quisesse pegaria o nome da menina e a denunciaria para seus professores militares e coisas desse gênero.
Olhei de canto de olho para a menina da bofetada que havia se sentado em qualquer lugar lá no fundo, silenciosa, sem derramar uma lágrima e com cinco dedos desenhados em seu rosto branco e maquiado.
Ninguém disse uma palavra, nenhuma reação. A senhora ainda exaltada desceu dois pontos depois da briga, as estudantes desceram próximo ao Colégio militar e eu fiquei atordoada me perguntando o que poderia ter sido feito e não foi. O motorista deveria ter parado o ônibus e chamado a polícia? Bem, se fosse minha filha era isso que eu desejaria. As pessoas deveriam ter se revoltado contra a brutalidade em plena hora do almoço?Reclamado, comentado, ao menos respirado mais alto? Eu, como professora, deveria ter me manifestado em favor da agredida?
O fato é que nada disso aconteceu. Segui minha viagem pertubada por dentro, pensando que agressão não justifica agressão e que como diz a sabedoria popular, melhor pensar duas vezes antes de dizer ou fazer algo porque, realmente, não sabemos qual será a reação do próximo e se teremos apoio ou ajuda de estranhos se viermos a precisar. E infelizmente, estranhos somos todos.

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