segunda-feira, 11 de maio de 2009

Vim de uma cidade do interior pra capital do meu estado. Ainda não me sinto totalmente a vontade em meio a tantos prédios, rostos, aromas, olhares...Mas o estranho é que também não me sinto parte integrante (como era) da cidade onde nasci e cresci!
É como a história do peixinho que li há muito tempo e não me recordo de seu autor:
O peixinho vivia sufocado dentro do seu pequeno mundinho de vidro, o aquário, sonhando com o que haveria do lado de fora daquelas quatro paredes transparentes. Era incompreendido (como todos os gênios e visionários!) e muitas vezes enfrentava zombarias dos outros peixes pelo seu jeitinho desligado e sonhador.
Todo dia observava a tubulação que trazia água salgada ao aquário, imaginando de onde viria aquela água tão límpida. Um dia cansado de somente pensar, resolveu agir, ante o olhar horrorizado dos outros peixes, o peixinho meteu-se pela abertura da apertada tubulação, espremendo-se todo naquele espacinho tão mínimo mesmo para ele que era tão pequeno.
Após muito esforço e ter quase machucado seriamente suas frágeis nadadeiras, o nosso amiguinho num arranque venceu o restante do imenso tubo e o que viu deixou-o paralisado de surpresa, medo e êxtase.
Estava num mundo tão grande e rico de água que nem mesmo em sonhos poderia ter imaginado. O mar descortinava-se a sua frente como um lindo, desconhecido, misterioso e amedrontador mundo novo.Cheio de exitação e alegria o peixinho tratou logo de nadar e nadar e nadar...Dando vazão ao seu desejo tão antigo de espaço e liberdade.
Ali viveu feliz por um tempo. Mas sempre que pensava em seus conterrâneos sentia-se mal, um traidor que abandonou os companheiros e sozinho veio desfrutar de tantas maravilhas. Resolveu voltar. Encontrou novamente a tubulação e agora com redobrado esforço nadou de volta ao seu antigo lar. Lá chegando espalhou a boa nova, chamando todos a um lugar imenso, maravilhoso, cheio de cores, comida, animais nunca antes vistos e falou horas com toda sua empolgação sem notar o silêncio da maioria dos peixes a sua volta, só quebrado pelos sorrisinhos sarcásticos, e cutucadas ocasionais de sua platéia incrédula.
Quando terminou, viu-se olhado com desconfiança e tratado como louco!Que se escondeu de todos pra pregar uma peça!Um farsante ou um louco!Diziam bem alto para que ouvisse.
O peixinho desesperado gritou, clamou, jurou mas ninguém acreditou em uma palavra do que disse. Foi deixado de lado e tratado como divertimento pelos seus.
Sem ter mais o que fazer, o peixinho olhou triste em torno de si e viu que estava grande demais para aquele aquário, não cabia mais ali e dando um último e longo olhar esgueirou-se de volta a tubulação, deixando para trás aqueles que por não acreditarem nele, passariam o resto de suas curtas vidinhas naquela brilhante e transparente caixa de vidro sem nem imaginarem onde poderiam estar.


Ps. Epa!Empolguei!rsrs. Fiz umas adaptações na história porque todos sabem"quem conta um conto....", mas é exatamente assim que me sinto. Pequena demais para minha terra natal e ainda um peixinho perdido na imensidão de concreto que me cerca.

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